"Quando eu era menina, morria de medo do saci. Era uma época em que as histórias contadas pelos nossos avôs e avós reinavam, e o lugar onde eu morava ajudava muito - matas, bambuzais, sem energia elétrica. Minha avó materna chamava o Saci de Romãozinho e em alguns lugares do Brasil ele é conhecido assim. Eu não assistia o Sítio do Pica-pau Amarelo... só tive acesso a uma TV quando me mudei para a capital. Ela parecia uma caixa, com poucos botões; não era a cores e, para funcionar, precisava daquelas antenas com esponja de aço na ponta ou daquelas que ficavam bem no alto do telhado, com alguém direcionando a melhor posição. Eu sou da época dos heróis japoneses... eu era apaixonada por eles! Muitas pessoas conheceram o Saci através de Monteiro Lobato, muitos até acreditam que ele o criou. Apesar de refletir muito a época em que viveu, não tem como negar que Lobato popularizou o Saci com a ajuda da mídia. Acredito que foi por isso eu entrei em uma bolha em relação ao Saci: algo me incomodava e eu me perguntava se queria mesmo falar dele em um livro meu (...)". - A autora